segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

ITAQUAQUECETUBA - GEOGRAFIA EDUCA CIDADÃO

    Estudar a geografia do município é um dos meios de educar o cidadão para o exercício da cidadania. A Geografia e seu ensino tem um enorme papel nesse processo de formação para a cidadania no território municipal. 

    O objetivo deste sucinto texto é demonstrar que os conceitos de espaço, território, paisagem e população, vastamente estudados na Geografia, podem ser observados e analisados no cotidiano das cidades brasileiras. Nosso recorte espacial se limita ao território municipal da cidade de Itaquaquecetuba no qual a herança do colonialismo, da velha política do coronelismo se reproduz desde a década de 1950 até a terceira década do século XXI (2021...).   

     Por que é necessário ensinar geografia para a cidadania? Como afirmou o geógrafo negro baiano Milton Santos, nosso ex-professor na Universidade de São Paulo (USP) - na obra O Espaço do Cidadão - vivemos em um País no qual o cidadão é mutilado, espedaçado, massacrado. Por isso a cidadania é atrofiada, deficiente. Assim sendo, o aprendizado da geografia é fundamental para a formação dos cidadãos (crianças, jovens e adultos).   

 

    Nesse sentido, o ensino e a aprendizagem da geografia local é fundamental para o processo de  educação para a cidadania. Em Itaquaquecetuba, ou Itaqua, os cidadãos tem direitos constitucionais, porém, o acesso a tais direitos sociais e humanos se tornam quase inacessíveis, sobretudo porque após décadas de emancipação política do município os governos  (prefeitos e vereadores) da cidade não tem atuado efetivamente para o progresso da cidadania.
     Desde 1955 até 2020, todos o prefeitos eleitos na cidade tem origem nos partidos políticos de direita, ou ARENA (Aliança Renovadora Nacional) dos tempos da ditadura militar (1964-1984), atualmente formam o chamado Centrão (PP, PL, DEM, PTB, PSC e outros) que sustentam o atual presidente Jair Bolsonaro (PL).  
     Conforme Milton Santos,  o espaço geográfico é uma acumulação desigual do tempo. Por sua vez, o Estado (federal, estadual ou municipal) é o principal ator na produção do espaço através das políticas ou das ações dos governos. 
     Nesse sentido, o espaço social de Itaqua (o meio ambiente, o saneamento básico, o uso e ocupação do solo, as moradias, o transporte público, a saúde, a educação e outros serviços) é resultado de décadas de governos municipais que passaram pela prefeitura da cidade e deixaram as marcas de suas gestões com os mais baixos índices de desenvolvimento humano (IDH) do estado de São Paulo.   
     Entre 2020 e 2021, anos da pandemia covid-19, o País voltou ao mapa da fome, isto é, mais de 54% da população brasileira (cerca de 116 milhões de pessoas) estavam em situação de fome,  de acordo com pesquisa realizada e divulgada pelo Instituto PENSSAN (Pesquisadores em Segurança Alimentar e Nutricional). Desse total, cerca de 19 milhões de pessoas (9%) estão em situação grave de insegurança alimentar (fome grave) no território brasileiro.  
     E em Itaqua, quantas pessoas passam fome? Considerando os dados do IBGE (2020) a cidade possuía cerca de 375.000 pessoas, das quais 54% da população itaquaquecetubense (202.500 pessoas) estavam em situação de insegurança alimentar (grave, média e leve). Desse total (202.500), 9% ou 33.750 pessoas estão em situação grave de fome nos territórios (ruas e bairros) do município.
     Em 2020 mais um prefeito de mentalidade originária da antiga ARENA ou atual Centrão foi eleito em Itaqua. O delegado de polícia Eduardo Boigues (PP) foi eleito com promessas grandiosas de transformar a cidade. Entretanto, em dezembro de 2021 o delegado/prefeito decidiu "inaugurar" uma árvore de Natal e iluminar a praça central da cidade. Por parte da Prefeitura consta, porém, licitação para a contratação de empresa do Rio de Janeiro para a iluminação natalina ao custo de R$ 3 milhões.    
     A palavra "inauguração" significa cerimônia por meio da qual se entrega ao público uma nova obra. É evidente que uma árvore enfeite de Natal não é uma obra pública municipal. A paisagem natalina é passageira, sazonal e adultera o conceito de paisagem estudado na Geografia. Entretanto, o populismo  do estilo da antiga ARENA, atual Centrão do delegado/prefeito em Itaqua se alimenta até da "inauguração" de loja lotérica da iniciativa privada, um negócio particular, uma espécie de franquia da Caixa Econômica Federal. 
     A velha política da ARENA, atual CENTRÃO, é uma maléfica herança dos tempos do Brasil Colônia. No colonialismo não existe cidadão, não existe cidadania. Existe a velha política do coronelismo que ilude a clientela rural, existe o populismo do "coronel" que entrega migalhas para a população não escolarizada, existe o "senhor de engenho" dono de escravos e/ou empregados que trabalham na plantation agricultura exploradora e predatória do espaço socioambiental. 
     Nesse sentido, a geografia educa o cidadão para pensar a respeito das relações de poder nos territórios que envolvem atores políticos e as populações locais das cidades brasileiras, neste caso da população do território de Itaquaquecetuba. 
     Portanto, é fundamental dar continuidade ao processo de ensino da geografia na perspectiva da educação para a formação de cidadãos. Uma condição para a garantia do direito constitucional dos cidadãos é participar no processo de pensar o que é a cidadania. 
    Concluindo, a geografia tem como missão intelectual e científica motivar os cidadãos (crianças, jovens e adultos) para se apropriar de um de seus direitos fundamentais, a cidadania, que também se aprende no cotidiano, refletindo, observando e analisando a paisagem, o espaço, os territórios, as populações, os atores políticos e suas relações na praça, nos bairros e ruas da cidade. 

ITAQUAQUECETUBA - GEOGRAFIA EDUCA CIDADÃO

      Estudar a geografia do município é um dos meios de educar o cidadão para o exercício da cidadania. A Geografia e seu ensino tem um eno...